quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Maria é o início da nova criação



Neste artigo queremos através da arte da poesia, interpretar a arte da iconografia e para isso vamos nos utilizar de um hino muito antigo de devoção a Theotokos (Mãe de Deus), o Akatistos. A sua tradução significa literalmente “não sentado”, ou seja, para ser lido em pé, pois foi quando os persas cercaram a cidade de Constantinopla, o Patriarca Sérgios, acompanhado de todo o povo marchou ao longo da grande muralha de Constantinopla com um ícone da Theotokos na mão.
Inesperadamente uma grande tempestade com enormes maremotos destruiu a maior parte da frota persa. Daí, os fiéis espontaneamente lotaram a Igreja da Theotokos e todos “de pé” cantaram durante toda a noite hinos de gratidão e louvor. O Akatistos data do século IV e foi oficialmente aprovado pela Igreja a partir do século VI
Este foi um dos primeiros ícones feitos como Carisma Shalom, auxiliado por teólogos, liturgistas, hinógrafos e foi escrito juntamente com o ícone do Príncipe da Paz que comentaremos nos próximos meses, pois a Mãe de Deus nunca é representada só, mas sempre com seu filho. Este ícone peregrinou juntamente com o do Príncipe da Paz pelas capelas da Residência Geral 2 em Fortaleza, a da Residência Geral 2 na Diaconia em Aquiraz e neste ano de 2011 se encontra na capela do Discipulado de Pacajus.
Neste ícone a Mãe de Deus se encontra com olhos fixos bem abertos e a boca pequena; suas duas mãos estão erguidas. Ela veste uma túnica azul com um manto vinho com três estrelas e detalhes dourados.
A sua esquerda se encontra um monte escalpado com uma rocha fendida de onde brota uma árvore; ao pé do monte rochoso vemos um sepulcro vazio com um lençol. A sua direita vê-se uma torre de um templo e em baixo, por detrás de seu manto, surge uma nascente que se transforma num riacho de sangue e água.
Paixão e Ressurreição
Ela é a Mãe de Deus após a paixão e ressurreição. O sepulcro vazio fala! É a Mãe que Jesus nos deu na cruz, e que João "acolheu em sua casa". Ela está de pé numa postura de nobreza, fé, firmeza e suas mãos estendidas simbolizam esvaziamento: tudo dá, tudo acolhe, tudo recebe e se entrega.
Os olhos fixos contemplam o Mistério da encarnação. A boca pequena indica a meditação e que o mais importante é escutar: “Ouve ó Israel, o Senhor é teu Deus, o Senhor é Um!” (Dt 6,4). Suas mãos erguidas significam que está sempre a orar, a cantar seu magnificat pessoal nas dores e alegrias da vida. As três estrelas lembram que ela é Virgem antes, durante e após o parto.
A sua túnica azul representa a sua humanidade que foi visitada pela divindade indicada pelo manto vinho, cor da realeza, com detalhes dourados que eram usados pela Imperatriz de Constantinopla. Este manto nos indica que ela não é uma mulher qualquer, mas a Theotokos, a Mãe de Deus, Imperatriz dos anjos e dos homens.
O monte rochoso escalpado nos remete para toda a criação recapitulada por Cristo que ressuscitou deixando o sepulcro vazio. A fenda da rocha nos conduz ao lado aberto de Cristo. Pois do lado aberto de seu Corpo, que é a Igreja, brota a Árvore da Vida gerada das águas do Batismo da paixão e do sangue, da oferta de seu Sacrifício Eucarístico.
Nova criação
Maria é o início da nova criação. Por sua confiança e seu FIAT incondicional, através dela, arbusto intacto, tivemos acesso à Árvore da Vida, seu Filho e Senhor acolhido em seu seio. Como lemos no Akatistos, o Arcanjo Gabriel exclama: Ave Maria! Caule de onde brota a incorruptível Flor! Ramo de onde nasce o saboroso Fruto! Jardim onde germina o Senhor Nosso Deus! Canteiro semeado de quem semeia a nossa Vida! Para nós cultivais um jardim delicioso! 
Ela é a “Isha Betel”, a mulher morada de Deus, a cidade do Rei supremo, onde suas muralhas foram feitas da mais fina prata sete vezes depurada em sua Imaculada Conceição, guarnecida das torres da humildade e obediência. No louvor de Davi tem sua armadura bem fortalecida. Ela está em êxtase, pois contempla a plena divindade de seu Filho e exclama: “Como pude em meu seio sustentar Aquele que sustenta o universo? Diante do sepulcro vazio exclama: Como pude gerar Aquele que rompe os grilhões da morte?
Ao que o arcanjo, impressionado pela beleza de sua virgindade e o brilho resplandecente de sua pureza, exclamou: “Que elogio digno de Vós poderei oferecer-vos? Como Vos chamarei? Estou perplexo e fora de mim”! Por isso, conforme a ordem que recebi, eu Vos clamo: Salve cheia de Graça! Sois o trono e palácio do Divino Rei! A inabalável torre da Igreja de Deus! Ó invencível defesa de todo o fiel cristão! Por Vós nós exultamos erguendo estandartes! Por Vós foi derrotado o inimigo da humanidade!
Ave Maria! Vitória para os corpos Ave Maria! Salvação para as nossas almas!
Ave Maria! Fonte que produz a abundância do perdão! Rochedo que dá água aos que tem sede de Vida! Estuário que recebeis um rio de águas abundantes! Imagem viva e santa da Nascente do Batismo! Vós lavais as nossas almas das manchas do pecado! Vaso em que se purifica a nossa consciência! Cálice que derrama a Alegria e a Vida! Perfume que nos envolve de espiritual suavidade!
Alegra-te! A Nova Criação foi em Vós começada!
Salve! Salve! Salve! Esposa Imaculada!
Comunidade Católica Shalom

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